Bairro Judeu

Budapeste - Bairro Judeu e um bocadinho de história do séc.XX - parte 3

julho 31, 2016


Bom dia, alegria!
Chegamos à última parte sobre o bairro Judeu e é aquela que é a mais turística e, definitivamente, um sítio a ir para qualquer pessoa que visita Budapeste: Szimpla Kert - os bares em ruínas.
Se me pedissem para descrever este local numa palavre eu diria peculiar.
Por fora o prédio tem um ar semi-abandonado quase em ruínas. Por dentro um caos, com diversos bares pequenos, decoração diferente em jeito de DIY. De dia, aos domingos, é uma espécie de mercado onde se pode comprar directamente aos produtores queijos, mel, vinhos. À noite, o espaço ganha vida com música ao vivo, bares, concertos, bilhar, karaoke. Enfim, tudo o que podem imaginar! Aconselho a pedirem fröccs (que é vinho e água com gás) ou então cerveja, que vem sempre geladinha.




Os donos deste estabelcimento viram uma boa oportunidade neste edifício destinado à demolição (já tinha sido uma zona residencial e uma fábrica) e acertaram, pois este local tornou-se uma das principais atracções da vida nocturna de Budapeste.






Em cada canto do Szimpla, há algo para explorar. Por exemplo havia um quadro de luzes (semelhante aos quadros que controlam a eletricidade) onde pediamos mexer à vontade e acendiamos ou desligavamos televisões, luzes e rádios, criando um autêntico espetáculo audiovisual.




Percorrendo os dois andares do edifício podemos verificar que as paredes apresentavam vários desenhos e mensagens. Na verdade, cada visitante pode tentar encontrar um espacinho vazio na parede e deixar lá uma mensagem, nem que seja o seu nome.








Os bares em ruínas tornaram-se numa moda, pelo que outros sítios foram adaptados, como por exemplo a discoteca Instant (constituída por várias pistas de dança em que a entrada é gratuita).
E assim termino este trilogia de posts sobre o bairro judeu (ou districto VII). Como vêm, esta cidade é muito rica em história e é sempre bom relembrá-la, para que os erros do passado não se voltem a repetir.
Até à próxima
xoxo

Bairro Judeu

Budapeste - Bairro Judeu e um bocadinho de história do séc.XX - parte 2

julho 30, 2016


Continuando o post anterior.

No fim do Verão de 1944, tornou-se claro que a Alemanha-Nazi estava a perder a guerra. O governador da época viajou em segredo até Moscovo para negociar os termos de paz, chegando até a anunciar um cessar-fogo. Só que os nazis não gostaram e o governador foi detido e substituído por um governo de extrema direita húngaro. Por esta altura, estabeleceu-se o Gueto de Budapeste: um lugar isolado do mundo exterior, onde não havia fornecimento de alimentos, sem esgotos, onde os corpos daqueles que morriam não eram recolhidos. Mais de metade dos seus habitantes forem enviados para os campos de concentração. Assim, a população judaica de Budapeste foi reduzida de 200.000 para 70.000 habitantes.
Neste Memorial podemos encontrar os nomes de todos os judeus que morreram às mãos dos nazis, no monumento em forma de salgueiro



Mas a história também foi feita de heróis. Raoul Wallenberg foi um diplomata sueco que ente Julho e Dezembro de 1944 atribuiu passaportes a cerca de 10000 judeus, para que estes não fossem deportados para os campos de concentração. Para além disso, conseguiu persuadiu o exército nazi a não destruir o gueto, salvando, assim, mais 70000 pessoas. Por isso, em sua memória, foi dado o seu nome a este museu-memorial. Vale a pena também mencionar dois diplomatas portugueses, Carlos Branquinho e Carlos Garrido também conseguiram salvar cerca de 1000 judeus, ao abriga-los em casas e apartamentos alugados, evitando a sua deportação.



Esta é uma pintura em homenagem ao inventor do cubo de Rubik, que é húngaro

Esta é uma pintura de um jornal desportivo que relata a vitória da Hungria contra a Inglaterra por 6:3
Sinagoga na rua Runbach, construída como homenagem à Cúpula da Rocha em Jerusalém








Sinagoga na rua Kazinczy.

De Dezembro de 1944 a Fevereiro de 1945, Budapeste foi praticamente dizimada As pontes, edifícios públicos e residências foram destruídas. Em Abril o exército vermelho expulsou os últimos nazis da Hungria. Assim, o país ficou sob o domínio da União Soviética, ocupação que só terminou em 1991. Esse período da história, será resumidamente relatado noutro post.



Amanhã sai o último post, que será mais pequeno, mas refere-se a uma das principais atrações de Budapeste, sendo um local totalmente imperdível da cidade
Até à próxima
xoxo

Bairro Judeu

Budapeste - Bairro Judeu e um bocadinho de história do séc.XX - parte 1

julho 29, 2016


Bom dia, alegria!
Já ando há muito para fazer este post, devido ao impacto que esta história teve e continua a ter nos nossos dias. Mais do que nunca, devido aos acontecimentos recentes na Europa, temos de recordar a história, para que esta nunca seja esquecida e jamais de repita.
Das coisas que mais me assusta neste momento é a subida vertiginosa das sondagens da extrema-direita. O atual clima de terror que se vive tem sido usado nos discursos mais radicais, aliado com a alegada impotência dos governos em criar medidas para combater o extremismo e à crise económica a qual tem empurrado muitas famílias para o desespero. Curiosamente, é o mesmo tipo de discurso que o Estado Islâmico usa para recrutar membros: usar o terror como arma contra a impotência e incompetência dos governos para criar melhores condições aos jovens.

Se formos estudar a História do século XX vamos encontrar algumas semelhanças com o que se está a passar agora. A Alemanha tinha acabado de perder guerra, teve de pagar uma multa astronómica devido à primeira guerra mundial, o que a empurrou para uma crise económica sem precedentes, com desempregro a níveis altíssimos e um grande descontentamento social. Vamos fazer a ponte para os dias de hoje: passamos por uma crise económica para a qual não havia memória, as taxas de desemprego jovem estão nos mais altos níveis e os recentes atentados terrotistas, alguns associados a cidadãos com estatuto de refugiado têm aumentado o descontentamento social entre as pessoas.

Agora, aliem isto isto tudo a discurso nacionalista, de dividir a sociedade em dois grupos e que o grupo mais fraco conspira para tomar o poder e impor as suas regras e costumes ao grupo superior. Soa-vos familiar não é? Teve consequências este discurso, como nós estamos recordados. 

Para descobrirmos um bocadinho mais sobre a história dos judeus no século XX decidimos recorrer à Free Walking Tour do Bairro Judeu. Estas excursões são gratuitas e há pelo menos duas por dia e começam em Vörösmarty Ter.

Comecemos pela  Váczi Utca: foi uma grande rua de comércio quando a cidade estava dividida em Buda e Peste e é atualmente uma das mais famosas ruas de Budapeste, onde podemos encontrar várias lojas de retalho, cafés e restaurantes (incluindo o Hard Rock Café). Um conselho: nunca comprem souvenirs aqui, pois é a zona onde são mais caros.




A Hungria tem a maior comunidade judaica na Europa Central e tem a segunda maior sinagoga do mundo. Mas esta população já foi bem maior.
Após perder a Primeira Guerra Mundial, o tratado de paz de Versalhes determinou que a Hungria perde-se 2/3 do seu território, perdendo mais de 3 milhões de habitantes, o que levou a que o país mergulhasse numa grave crise económica, tornando-o num dos mais fracos da Europa Central. Nos anos 30, tornou-se necessária uma política forte já que a Hungria se encontrava no meio de dois grandes estados poderosos, de um lado a Alemanha Nazi e do outro a União Soviética. O objetivo era era evitar a invasão. Em 1941 começaram os primeiros bombardeamentos e um estado de guerra foi declarado entre a Hungria e a União Soviética e centenas de milhares de soldados lutaram nas fronteiras, sofrendo grandes perdas contra o exército vermelho.
Até à ocupação nazi, a Hungria era governada por um parlamento e governo eleitos democraticamente. Apesar das restrições de guerra, havia liberdade de impressa e a vida não era má de todo. Tudo mudou após a ocupação Nazi. Hitler tinha interesse nos recursos materias e humanos do país para levar a cabo a "Solução Final". As regulamentações contra os Judeus começaram em 1938, com a obrigação do uso da estrela amarela. Apesar disso, o governo conseguiu adiar as deportações. A 18 de Março de 1944, Hitler convidou o regente húngaro e aproveitou a sua ausência para substituir o governo que se encarregou das deportações dos judeus, na sua maioria para Auschwitz. A maioria morreu.












A segunda maior sinagoga no mundo, localiza-se na rua Doháni (rua do tabaco em português). Foi construída no século XIX e consegue albergar mais de 3000 pessoas. Esteve em risco de ser destruída pelas tropas nazis mas foi recuperada. Atrás do edifício, podemos encontrar Monumento aos mártires, o cemitério judeu e o parque memorial do Holocausto.





Para não tornar o post demasiado grande (porque ainda falta muita coisa) decidi dividi-lo em três partes. A segunda parte sai amanhã e a terceira depois de amanhã.
Até à próxima
xoxo

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