Movie 36 - Edward Snowden - Exposição na Internet e Privacidade

janeiro 22, 2018

Olá!
Na sequência do post anterior, acerca da falta da internet, e como parte do desafio Movie36, nada mais pertinente do que vos falar do primeiro filme que vi em 2018.
Edward Snowden, um brilhante analista da CIA/NSA, tornou-se mundialmente famoso após denunciar, em 2013, o escândalo das escutas ilegais e acesso a informações privadas de cidadãos comuns americanos e estrangeiros, bem como um complexo esquema de espionagem americana contra outros países, de forma a obter vários benefícios, como aprovação de leis/regulamento/considerações em detrimento de outras. À conta destes factos, tornou-se um dos homens mais procurados no mundo e, hoje em dia, vive na Rússia num local não conhecido, para sua própria segurança.
O filme retrata a sua história de vida, como entrou para esta organização secreta americana, como era a sua vida e o impacto que isso tinha nas suas relações pessoais e as razões que o levaram a denunciar esses factos e as consequências que daí resultaram.
Joseph Gordon-Levitt in Snowden (2016)
Fonte - IMDB


Opinião: É daqueles filmes que prende do início até ao fim, com prestações incríveis tanto de Joseph Gordon-Levitt (Edward) como de Shailene Woodley (a namorada). É um bocado assustador alguns dos métodos utilizados para espiar e, acreditem, poderão ficar um bocado paranóicos depois, a achar que alguém vos está a vigiar. 

Nota: 8 em 10

Reflexão

Este filme chama a atenção, na minha opinião a duas temáticas importantes: Segurança na Internet e Exposição nas Redes Sociais. Se do primeiro tema sou absolutamente leiga e apenas tenho algumas noções, o segundo tema tem estado a abalar as redes sociais, muito graças ao polémico programa Supernanny da SIC.

A obtenção de informação da esfera privada de um cidadão comum, não suspeito de qualquer crime, por parte de agências governamentais, é reprovável e não deveria ser feito. Contudo não deixa de ser interessante pensar até que ponto nós, cidadãos, não estaremos a facilitar esta situação, com exposição voluntária das nossas vidas na Internet. Por exemplo:
  • Quantos de nós tem uma conta em Redes Sociais? 
  • Quantos de nós acedemos a uma rede pública de Internet, aceitando os termos sem os ler?
  • Quantos de nós cedemos dados pessoais, como morada, telefone e email a terceiros, confirmando os termos e condições, sem, novamente os ler?
  • Quantos de nós lêem, outra vez, os termos e condições de cada vez que instala uma aplicação no telemóvel?
  • Sabem como é fácil para um hacker aceder aos vossos dispositivos através de uma rede pública?
  • Conhecem a aplicação Sync Me? Permite identificar um número de telemóvel, mesmo que a pessoa não possua a aplicação ou mesmo qualquer rede social, já que ela acede à lista de contactos das pessoas que fizeram o seu download. Juro que funciona 99% das vezes.
O programa Supernanny, altamente criticado pela exposição mediática dos comportamentos desadequados de crianças e das suas família é um bom exemplo de como a exposição no mundo virtual tem de ser reflectida e debatida. Como assim?
Eu sou muito crítica de programas, principalmente no formato reality-show/concurso, com crianças porque considero que elas são expostas a um mundo que não compreendem na totalidade. Eu não acho que exista assim tantas diferenças entre expor a birra da Margarida (a criança desse programa) e a expor uma criança numa novela com histórias mirabulantes. Se a primeira constitui uma situação mais degradante para a criança, ao mostrar o seu lado menos bonito, nada me garante que a outra situação não constitua, no futuro, uma causa de pressão psicológica, por não aparecerem com a mesma regularidade na televisão. Eu lembro perfeitamente que havia um menino (não me lembro do nome dele) na primeira edição do Masterchef que fez batota num episódio e foi altamente criticado e insultado nas redes sociais. Ou seja, o problema não está no tipo de programa, mas sim na forma de exposição das crianças. As consequências que, alegadamente, a Margarida estará a passar é por bullying, um assunto que dá muito pano para mangas e que prometo que falarei no futuro.

Para mim, aquilo que considerei verdadeiramente extraordinário e, sinceramente, hipócrita, foi a montanha de críticas vindas de pessoas que:
  • colocam fotos dos filhos nas redes sociais (sem sequer terem o cuidado de colocar o perfil mais privado)
    • em locais facilmente identificáveis 
    • a usar as fardas dos colégios
    • em situações constrangedoras/desagradáveis
    • com comentários menos próprios
  • têm blogues de maternidade e ganham dinheiro e produtos a expor os filhos
  • são pais/mães de crianças que são modelos/atores/atrizes
Existe, claro, o argumento de "o meu facebook/instagram é privado". Se há coisa que o filme claramente demonstrou é que no mundo virtual nada é verdadeiramente privado. O que é certo, é que vivemos num mundo em que cada vez há mais partilha, o normal (isto é, aquilo que é mais frequente) é as pessoas publicarem cada vez mais aspectos da sua vida pessoal. Diria mesmo que, qualquer dia, não será necessário o uso de meios menos próprios para espiar os cidadãos, porque nós próprios entregaremos essas informações de mão beijada sem pensarmos no assunto.

Há, igualmente, a tendência de se afirmar que "o filho é meu, eu faço o que quiser". Não meus caros, não é bem assim. Do ponto de vista legal, a criança tem identidade própria e os pais não podem fazer aquilo que bem entendem com a criança sem respeitar os seus direitos. A própria Ordem dos Advogados tem, repetidamente, alertado para este facto, já que tem sido crescente o número de casos de filhos que processam os pais por exposição indevida. Por exemplo, na Itália, um rapaz de 16 anos levou a mãe a tribunal por publicar fotos e detalhes da vida pessoal sem a sua autorização e que isso teve um impacto grave na sua vida social ao ponto de, inclusivé, o levar a tentar mudar de escola. Quem sabe se daqui a uns anos não será a Margarida ou as outras crianças do último episódio (que eu não vi) da Supernanny a fazer o mesmo? Ou algum dos miudos do Masterchef? Ou alguma das filhas das famosas mummy-bloggers? É imporante não esquecer que uma vez que as fotos ou vídeos ou seja lá o que for chegue ao mundo virtual, para sempre ficará neste.

Posto isto (e espero que não se tenha tornado demasiado confuso) o que podemos fazer? Algumas ideias:
  • a mais óbvia, e talvez a mais difícil é não utilizar a Internet de Rede Pública
    • existem uns programas chamados VPN, que eu confesso que não sei bem como funciona, mas sei que basicamente, eles transformam a rede pública numa rede privada no dispositivo em uso ao esconder o endereço de IP e localização, ao criptografar a comuniação. Se alguém perceber mais deste assunto, por favor deixe nos comentários mais informações ou links úteis
  • considerar eliminar algumas aplicações ou retirar autorizações de acesso a câmera ou microfone
  • evitar colocar fotos que sejam identificativas de coisas que não queremos que sejam pública
  • no que toca a crianças:
    • perguntar à criança se ela aceita que seja colocada uma foto sua na rede social (depende da idade)
    • pedir sempre autorização da mãe/pai/guardião para colocar uma foto numa rede social
    • não colocar fotos mais intímas na internet (tipo a usar um bacio, de fralda, de fato de banho)
    • ao legendar uma foto não colocar texto que possa ferir susceptibilidades no futuro (comentátios jucosos e humilhantes)
    • para quem tem blogues: 
      • a exposição deve ser muito bem pensada e discutida entre família mais próxima
      • a partir do momento em que a criança se recusar a aparecer mais no blogue, respeitar essa decisão. 
      • considerar tapar a cara da criança
Conclusão
Os temas relacionados com a Segurança na Internet deveriam ser muito mais abordados porque é fácil esquecer algumas regras fundamentais e temos mesmo de aprender a nos defender na Internet. A exposição das redes sociais não tem de ser propriamente algo de mau, mas atenção aos direitos de privacidade e respeito das crianças.

Espero que tenham gostado deste tema e sigam o blogue e o meu instagram para continuarem a seguir o meu trabalho.
xoxo




Publicação inserida no projeto #MOVIE36
A criadora, Carolayne Ramos, do blogue "IMPERIUM". 
A parceira oficial é a Sofia Costa Lima, do blogue "A Sofia World" \\ 

As participantes:
 Inês Vivas, "VIVUS " | Vanessa Martins, "Make It Flower " | Joana Almeida, "Twice Joaninha" | Joana Sousa, "Jiji" | Alice Ramires, "Senta-te e Respira " | Cherry, "Life of Cherry " | Sónia Pinto, "By The Library " | Francisca Gonçalves, "Francisca " | Inês Pinto, "Wallflower " | Carina Tomaz, "Discolored Winter " | Sofia Ferreira, "Por onde anda a Sofia" | Rosana Vieira, "Automatic Destiny " | Abby, "Simplicity " | Sofia, "Ensaio Sobre o Desassossego "

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9 comentários

  1. Ahahah acredito :P

    Não conhecia, mas uma vez mais deixaste-me curioso! :D

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  2. lovely post dear thanks for sharing i would love this movie keep posting..
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  3. Fiquei curiosa com o filme devido muito ao que aqui falaste. Não o conhecia mas vou ver se o vejo!

    Blog: https://bolacha-mariaa.blogspot.pt/
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  4. Fiquei com vontade de ver esse filme :).
    Quanto ao programa Supernanny, eu não concordo com o teu ponto de vista. Não podemos comparar a exposição que uma novela ou Masterchef dá à exposição que a Supernanny dá. Numa novela, as crianças estão a desempenhar um papel que não corresponde à sua vida real nem personalidade, enquanto que no Masterchef ou qualquer outro programa de talentos, estão a explorar a esfera pública da criança. Já o programa Supernanny expõe assuntos que são da esfera privada e que deveriam ser resolvidos em casa. Todos nós somos criticados de qualquer das formas, mas seremos muito mais alvo disso se expormos demasiados detalhes íntimos.
    Beijinhos,
    Cherry
    Blog: Life of Cherry

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  5. Experimenta fazê-las à linha :) O resultado é incrível!

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  6. Vou querer saber tudo, então :)

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  7. Tens de fazer review dele porque fiquei curioso :D

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  8. Boa reflexão que aqui apresentas! No entanto, apesar de concordar que nos expomos e que não temos noção das consequências disso, há algumas questões com as quais não concordo: explorar a esfera privada, como faz a Supernanny, por exemplo, parece-me bem diferente de participar num concurso ou numa novela - e aí entra o bom senso do que se mostra, há que proteger a imagem da criança mesmo em esferas menos "pessoais". Quanto às fotos, honestamente, não lhes vejo problemas desde que não sejam em nenhuma das situações que apresentas e que podem pôr em causa a integridade, a segurança ou a dignidade da criança - juro que não percebo os pais que publicam fotos em que mostram qual é a escola dos miúdos ou que os mostram em fato de banho, etc.!

    Jiji

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