Diário de uma IAC - O primeiro mês (e o segundo)

fevereiro 25, 2018

Olá!
Primeiramente, devo uma explicação sobre a minha ausência nestas últimas duas semanas. Em parte, deve-se à minha falta de planeamento (e já vão perceber porquê). Por outro lado, surgiu um grande imprevisto na semana passada: uma familiar do meu tio foi acometida por uma doença súbita e, infelizmente, fatal, pelo que de ir buscar pessoas ao aeroporto, fazer uma visita à mesma e, depois, cuidar da casa na ausência da minha tia, que ficou a prestar apoio, em representação do meu tio. Por fim, e porque quem contacta com pessoas doentes diariamente está sujeito a isto, eu própria fiquei doente, desta vez com uma sinusite, o que me obrigou a fazer antibiótico, anti-inflamatório e mais descanso (cheguei a ir para a cama às 9 da noite tal era o cansaço). Assim, passei mais de uma semana sem ligar o computador e aproveitei o tempo para ficar mais introspectiva, ler umas coisas e escrever alguns textos.
Posto isto, vamos ao tema deste post, que está relacionado com os meus primeiros dois meses de trabalho.

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Fonte
Como vos tinha do primeiro post da saga Diário de uma IAC, inicei os meus estágios nos Cuidados de Saúde Primários, o que significa que andei, ando e andarei durante mais um mês no Centro de Saúde (Unidade de Saúde Familiar). Tive a sorte de ficar colocada mesmo pertinho de casa (tipo 10 minutos de carro, na pior das hipóteses, se apanhar trânsto na estrada), de ter uma orientadora 7 estrelas, que me dá a dose certa de autonomia e que me esclarece sempre as dúvidas e de nestes primeiros meses não fazer urgências, pelo que tem sido um início de ano calminho, já com a tão desejada independência financeira.

Eu gosto imenso desta área da Medicina, porque dá-nos um contacto de proximidade com os utentes: conhecemos bem cada um deles, bem como as suas famílias, o meio onde se inserem e a sua evolução. Para terem a noção, a minha orientadora é médica de família dos filhos dos utentes que ela começou a acompanhar desde a altura que as mães destes estavam grávidas. A sério, não é mesmo giro?! Para além disso, é uma das áreas mais abrangentes, já que acompanhamos crianças, adolescentes, grávidas, adultos e idosos com doenças crónicas, o que nos obriga a estar sempre em cima do acontecimento no que concerne a conhecimentos, novas descobertas e guidelines. 

Claro que, como tudo na vida, há as suas desvantagens. Primeiro, é preciso ser-se muuuuiiiiiito paciente. Há utentes que gostam muito de falar ou precisam de desabafar sobre algum assunto e é difícil tentar cortar-lhes a palavra sem se ser desagradável. Há utentes que entram acompanhados na consulta e, em vez de vermos uma pessoa vemos duas ou três porque, de repente, estão a pedir-nos para marcar consulta para o filho, auscultar o marido e pedir umas análises para a irmã (fora o motivo da consulta original). Há utentes que trocam a medicação toda e é preciso explicar detalhadamente, fazer ajustes ou trocar/adicionar medicação à habitual. E, claro, há a ocasional clássica falência do sistema informático: desde o PDS (o programa que utilizamos para ver os registos nos hospitais ou outros centros de saúde) que não funciona, passando pelo PEM (o programa que utilizamos para prescrever) cuja opção "medicação habitual" habitualmente falha-
Segundo, e o fator mais importante, a empregabilidade. Há uns tempos (que é como quem diz, há 2 anos) escrevi sobre a realidade atual da Medicina em Portugal. Apesar de existir falta de médicos de família em Portugal, muitas projeções apontam para que, daqui a 5-6 anos (mais ou menos a altura em que terminaria a especialidade) exista um excesso de profissionais nesta área. Felizmente ainda tenho uns 4 meses para pensar no assunto (daqui a menos de duas semanas sai a nota, o que já me vai dar mais ou menos a noção das minhas opções).

Onde é que entra a falta de planeamento então? Eu não sabia o que era trabalhar 40 horas por semana. Teoricamente seria das 9 às 17, contudo, e porque tenho hora de almoço e para sair mais cedo à sexta, entro mais cedo (8-8:30h) e saio mais tarde (18-19h). Ao fim-de-semana, gosto de aproveitar para brincar com os cães, estar com a família, ler, ver filmes e passear. O computador, confesso, muitas vezes nem me apetece ligar, tal é a sua lentidão em excutar determinadas tarefas. Ainda assim, nestes últimos dias, percebi qual o melhor horário de funcionamento da internet, pelo que agora já sei quais as melhores alturas para trabalhar online.

Como perceberam ando em mudanças de layout do blogue e a rever todos os meus posts antigos. Apercebi-me que ainda tenho muuuiiitaaa coisa por publicar e ideias para novos posts não faltam (o que falta é tempo para executá-las).

Como tem sido as vossas semanas? Deixem nos comentários abaixo!
Até à próxima
xoxo

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